O último Tango em Baires

15 maio

No importa cuánto tango hay en tu vida, sino cuánta vida hay en tu tango.”

Depois de minhas primeiras aulas de tango logo quando cheguei aqui, ficou bem claro para mim que um chimpanzé desliza com mais leveza sobre a pista que eu. Incapaz de caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo sou uma dessas pessoas cuja coordenação monotora bate na trave num psicotécnico. Tenho certeza que meus pais colocaram mais ênfases em meu desenvolvimento intelectual que o motor. Aos seis anos eu lia o Manifesto Comunista em Quadrinhos e dava discursos ao proletariado imaginário, mas era incapaz de subir uma escada e falar ao mesmo tempo. Pobre de mamãe e papai me tornei aquela pessoa que quando passa derruba tudo e deixa um rastro de destruição a sua volta mas sem me transformar em cientista nuclear em troca.

Por isso, depois de apenas umas poucas classes dei adeus ao sonho de dançar tango. E , para ser sincera, deixei de dar bola para o gênero. Ei, se não posso dançar não é minha revolução, copia?

Um tango pode ser modernoso…

É um pouco meu momento What da fuck quando chegam as visitas ávidas por um tango a la Brodway com direito a brilhantina, meia arrastão e ingresso em dólares.Não vou,  não pago, te levo ao taxi na esquina, faço até a reserva. Mas, confesso não é a minha. Não é preconceito, alguém já viu algum carioca que curta dar uma de turista num show de mulatas passistas?

Para quem acha que é mole!

Eu sei que o tango vai muito além disso. E tenho amigos que sabem do que estou falando, entendem de tango. Vide minha grande amiga Gisele Teixeira e seu super blog, isso sim é uma especialista. E ainda bem que existem os especialistas. Não é meu caso. Adoro ver um casal de velhos amantes zigzaguear pela pista num clube de bairro. Algo dentro de mim treme com um velho Piazolla. Mas isso é tudo.

Um bom Piazolla…nao gostar é como desprezar uma noite de lua cheia…

Com respeito a velha alma Argentina você terá minha companhia em algumas poucas ocasiões. Nas quartas-feiras no CAFF, para beber até o sol raiar na Peña del Colorado (lembrem-me de fazer um post sobre este lugar), se eu não tiver que trabalhar no dia seguinte na Catedral do Tango, se eu estiver num espirito aventureiro no Lo de Roberto. Que ninguém me interprete mal, não há como não amar o tango. É como não gostar de ver um belo por do sol. Talvez Borges, mas ele era um esnobe.

Mas é possível que eu te siga fácil em um bom show de uma orquestra de tango eletrônico (como te seguiria para qualquer milonga underground). Eu sei que tem muita coisa boa que ficou enfadonha virando musica de novela, propaganda de perfume, mas eu adoro um somzinho diferente. E boa coisa para bloggeiros preguiçosos e ocupados como eu é quando os grandes amigos jornalistas decidem escrever algo sobre o assunto te poupando de toda a pesquisa. Foi o que aconteceu hoje com a ótima matéria da minha amiga Marina Mota, um belo inventário sobre o estilo.

Deixo Marina e seu decibéis tangueros publicada no Valor Economico AQUI!

2 Respostas to “O último Tango em Baires”

  1. mari 15 de maio de 2012 às 10:43 PM #

    que texto delícia, de te ver andando com jeito desastrado e com o gatilho perfeito das palavras. prometo que não te levo nem ao mercado modelo nem ao ensaio do olodum. mas que o mundo, a bahia e a buenos aires já são nossas. 😉

  2. Anna Martinelli 11 de junho de 2012 às 12:31 AM #

    Ó, acabei de conhecer seu blog através do blog da Gisele (eu também tenho blog de viagem, há), e AMOOOOO tango. Sou tangueira e amo demaaais!
    Em julho volto pra Buenos pra fazer mais aulas ai. Alias, eu e mais 6 amigos.
    Vamos sair todas as noites pra dançar. Bora com a gente também!? hehe

    Besos!

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