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Clandestina: Rebolation e a Cidade parte II ( a missão)

26 maio

Por razões antropológicas ( e antropológicas only!) este fim de semana rebolei mais uma vez em Buenos Aires. E, novamente, me deparei com os branquinhos de rastafári, o Jam jamaicano, o inferninho de Jah, em uma festa que um clássico na cidade: a itinerante Clandestina que dessa vez se celebrou no Club Groove, coincidentemente no muy upper class bairro de Palermo.  Novamente, o cenário não lembrava nem vagamente as clássicas milongas, nenhum rastro borgiano, nenhum bocadinho de Gardel.  

Os criativos panfletos da festa que é um clássico na capital

O pau comia no Black style mesmo, na africanidade, caribenho, latino, qualquer coisa que não fosse muito comportado não. Ate as sete da manha estivemos sacudindo o corpinho.

Vou confessar que houve um momento cumbia que foi desagradável. Um monte de ritmos desconhecidos embalados por rodinhas de adolescentes que cantavam letras que nunca ouvi  e se emaranhavam naquele confronto de porradinha que foi um desconfortável deja vu de uma adolescência que não fazia a menor questão de recordar.  

Flyers básciso da festenha

Mas, de maneira geral, nos divertimos tomando um espumante suspeito de 20 reais com enérgico (fato que desencadeou uma greve geral do meu organismo no dia seguinte), balançando o corpinho quando a musica nos permitia e curtindo as deliciosas performances de acrobacia, malabares e palhaços do grupo circense clowndestino que entremeavam a noite com um pouco de cultura que, alias, nunca falta em Buenos Aires. Fica o elogio.

O genial Clowndestino, un habitué nas festas Clandestinas

Grande pedida para aquele momento  “ cansei de ser classuda (o) em Buenos Aires e o que quero mesmo e requebrar ate o chão” .

Para se ligar no próximo rebolation da cidade fique ligado na programação aqui.

O Rebolation e a Cidade

17 maio

It is time

Tire seu nike colorido cano alto do armário. Alongue-se. Invista num visual desolado. Entre no elevador e aperte: anos 80. Você vai para um ragga em Buenos Aires.  Esqueça a elegância das milongas, a cadencia eloqüente do acordeon, a voz clássica de Gardel, a costura suave de pernas delineadas no ar, o olho no olho, a melancolia das letras, aqui tango não entra.   

 Nenhuma sutileza é permitida. Prepare-se para rebolar, chacoalhar, tremer, balançar ao mais puro som afro-jamaicano.  Organize-se para perder a compostura, suar mais do que carnaval na Bahia, ralar no chão e bambolear num ritmo frenético que bem podia estar nos melhores Dance Halls de Kingston. Não, você não está num gueto rastafári e sim no centro do bairro mais almofadinha da capital, Palermo, a passos da artéria urbana Av. Córdoba, a poucas estações de metrô do Obelisco, chacoalhando como se não houvesse amanhã no Caribe. 

Na festinha mais  ragga da cidade no problem man. A Dymanic Raggae Sound Clash, na boate Niceto ( NicetoVega 5510), Palermo , já comemora três anos de muito rebolation porteño.Globalização em níveis alarmantes,nada de argentinos com aquela cara de recreio de jogo de pólo, no mullets, no Boca T shirts, nada de cabelinhos empapados no gel. Os branquelos desfilam com rastas enormes, calças caindo, modelito summertime na pista de skate; uma tarde no Brookyn, uma noite no Afrika Bambata.  Bora lá. Nada de hermanitos com movimentos robóticos de quadris, a dancinha do boneco do posto, aqui o rebolation é sério e requebrar até o chão não é mais do que obrigação. No salão principal o Ska aquece os músculos para o inferninho adjacente ao salão principal que, digamos de passagem,  não é para claustrofóbicos, o roça roça é inevitável.  De aí em diante é aceitar o conselho da Marta Suplicy. 

 

A fauna e a flora são um capitulo a parte e, se seu negócio é safári urbano, aqui encontrou seu lugar. Embora o ritmo negro seja o grito da vez, a presença de melanina pára por aí. É mesmo aquele pessoal que perdeu o verão na patagônia dançando como se fosse feriado em Madagascar.  A música é realmente bombástica, além de bela desculpa para perder a decência. Em uma cidade tão erudita e elegante, onde até as crianças tem um ar borgiano, às vezes é preciso quebrar o decoro parlamentar.   

É pretexto certo para latinoamericanizar-se, africanizar-se, embebedar-se e perder-se na névoa de maconha que dispensa os tradicionais canhões de fumaça que se encontram nas boates que ainda não perderam o hábito de nos intoxicar. E também o ticket para uma Buenos Aires que não se paga em euros, não figura nos guias de turismo, não faz parte do city tour no infame ônibus de dois andares.  Nada contra a milonga, mas tem dias o rebolation é inveitável.  Com o frio intensificando-se, o ragga porteño é a medida certa contra a hipotermia. Chão, chão, chão! 

Confira aqui 

O Ragga e o Mundo 

O Ragga é um gênero musical que nasceu na Jamaica nos anos 80, sendo a canção  “Under Mi Sleng Teng” de Wayne Smith um dos seus primeiros marcos. Com o tempo, o ragga se expandiu para além do Caribe.  Uma mistura de reggae, ritmos eletrônicos, ska, hip hop, entre outros gêneros, o ragga possuí adeptos em todo o mundo