Você já foi assaltado for um vietnamita? Eu já. Burguesia besta é assaltada em qualquer lugar, Buenos Aires não é exceção . Para provar que ressaca de Fernet, fome, desorientação e Palermo Hollywood não se misturam, meu cartão de crédito terá que amargar mês que vem três dígitos por uma comida que não enchia barriga nem de modelo anoréxica. Foi assim que eu e mais alguns amigos, dia seguinte a festinha de inauguração de minha nova casa em Palermo resolvemos, famintos, e com o cérebro seriamente afetado pelo álcool da noite anterior, comer algo diferente ao norte da Juan B. Justo no restaurante da moda Vietnamita: o Green Bamboo (Costa Rica, 5802). B-i-g-m-i-s-t-a-k-e! Mais de 150 pesos per capita por uma comidinha metida à besta, cinco pedaços (contados!) de peixe ao molho de três amendoins, literalmente e aquele ar inexplicável de “Como assim voce não acha normal pagar 80 pesos por um prato com três pedaços indecifráveis de qualquer coisa da gastronomia moderna?”.
Explico: a Avenida Juan B Justo, carinhosamente apelidada de Johnny Be Good Avenue, é uma espécie de Muro de Berlin em Buenos Aires, separa a classe média de Palermo da classe média alta meio besta e com ares blasé de Palermo Hollywood. É uma avenida com poucas passagens para pedestres, instransponível em vários pontos, com trilhos e trens inóspitos, muros pixados e warehouses aparentemente abandonadas. Tudo nela parece dizer não ultrapasse. Para mim ela só serve para que taxistas lhes dêem enormes explicações sobre as voltas que tem que dar para atravessar a avenida e para manter gente desmotorizada fora do cool barrio Holiúdiano. É fácil ver se você terá ou não que cruzar a faixa de Gaza. Se o endereço de onde você quer ir é numa rua de nome de país da América Central tipo Honduras, Guatemala, Costa Rica e está acima da altura de 5 mil mais ou menos você terá que cruzar a J. B Justo. A verdade é que eu vivo por aí. Gosto dos restaurantes, das enormes árvores que abraçam ruas cheias de belíssimos prédios e casarões. E adoro sua crowd descolada dos domingos. Mas é preciso fingir ser Imelda Marcos ou a mulher de um ditador africano para existir em Palermo Holiúde!
E este mês eu andei me comportando como a rainha da Jordânia, gastando como se tivesse um marido magnata do petróleo.
Como eu gosto de comer e beber com gente fina, elegante e sincera, mas meu orçamento não me permite muitos luxos entrei no mundo dos maravilhosos Menús do Meio dia. Portenhos curtem mesmo o jantar, sentam tarde, dez da noite e destroçam a dentadas filés de brontossauro, pedaços enormes de boi que parecem terem saído de um episódio dos Flintstones. Eu não sou evolutivamente equipada com o moedor de carne que argentinos já nasceram portando. Se janto como eles, passo a noite sonhando com Zombies e monstros mitológicos. Meu negócio sempre foi sair com amigos e comer languidos almoços com direito a entrada, prato principal, sobremesa, cafezinho e livraria. E, para minha felicidade, muitos restaurantes da cidade estão querendo atrair pessoas como eu. São almocinhos agradáveis com bebida, entrada, prato principal e sobremesa inclusa pela baguatela de 20 e pouquisimos reais.
Até agora minha opção preferida é o Sudestada (Guatemala , 5602), que para comer bem pela noite com vinho você não desembolsará menos de 150 pesos, ou 75 reais. Mas com o Menú do meio dia, 20 reais te farão super feliz com entrada, vinho, prato caprichado, sobremesa e café. Fica a dica para dias sonolentos como hoje, quando o inverno ainda não descobriu que é primavera: ache um bom restaurante, uma boa barganha, uma boa janela e um bom menu. O Guia óleo tem uma boa lista de restaurantes que oferecem “menus ejecutivos”. Vale a pena comprar o guia, é minha bíblia. O Meu eu comprei na Cualquer Verdura, esta loja incrível, que eu adoro levar os amigos, em San Telmo.
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