Nao tem nada mais legal que uma flashMob. Buenos Aires nao podia ficar de fora. Deixo aqui a flash mob na 9 de Julio que aconteceu no final do mes passado. Um baratinho:
Nao tem nada mais legal que uma flashMob. Buenos Aires nao podia ficar de fora. Deixo aqui a flash mob na 9 de Julio que aconteceu no final do mes passado. Um baratinho:
Nos bons ares de Buenos Aires não se pode voar. Pelo menos não sem autorização. Isso frustrou hoje o vôo de Hernán Pitocco que quando aterrissou hoje numa pequena praça da 9 Julio com sua mochilinha motorizada foi abordado por autoridades locais como uma ameaça ao espaço aéreo nacional. Incluso a rota de Cristina Kirchner. Pitocco, que chegou a dizer que não era nenhum loquinho, nem improvisado, é um conhecido parapentista ( um dos melhores do mundo, segundo o artigo abaixo) e disse estar atrasado para uma entrevista. Optou por um meio de transporte mais rápido, já que o transito da cidade, e os transportes públicos da capital, estão cada vez mais impraticáveis.
É mais um dia na metrópole com seus gênios e loucos, muitas vezes os gênios se confundindo com os loucos e vice versa. São cenas que te enchem os olhos, às vezes te esvaziam o coração ou te inundam a alma de esperança, tudo de uma vez só na grande sopa de gente que é este Rincón do mundo. Um mendigo entra na rede de farmácias locais, Farmacity, toma um banho de perfume e deixa incólume o lugar. Um cego me indica que a rua Piedras é a próxima. Um menino leva sua cobra Píton para tomar sol nas veredas de Palermo.
Eu acredito no louco e gênio Pitocco que disse hoje No Voy en Tren e deixou a caótica cidade pequena para vê-la de cima. Não pegou o vagão cheio, desses que você acha que vai acidentalmente beijar a pessoa que está a sua frente por pura falta de espaço para a sua cara, não pegou cortes por causa da manifestação de professores na Corrientes, não viu o taxímetro disparar enquanto a Santa Fe movia-se dois centímetros por hora. Tem dias, na cidade, em que voar é preciso, viver não.
Para quem estiver pela Capital e quiser ver de perto um pouco da comoção causada pela na celebração dos 58 anos da morte de Evita Perón, fica a dica: as 18hrs no encontro da Av. Belgrano e 9 de Julio, procissão de tochas organizada pela Corriente Nacional del Sindicalismo Peronista e outras 62 associações. Confira o roteiro completo AQUI!!!!!
Hoje na Argentina é feriado, se comemora Dia de da Independência (Aniversario da Declaração de Independência pelo Congresso de Tucumán em 1816). Mas, uma das melhores comemorações é da Avenida de Mayo que também está aniversariando hoje. A festa já começou na Avenida com a Rua Luis Saenz Peña que terá mais 500 bailarinos folclóricos dançando, entre outras atrações.
Parece que é o único aniversário de rua que se celebra por aqui. Mas, a Avenida de Maio é mesmo muito especial. Um marco urbanístico da cidade, nascida em 1894, foi uma das primeiras da América do Sul a ter arranhásseis ( como o lindíssimo Palácio Barolo, inspirado na Divina Comédia de Dante), foi casa também do primeiro metrô desta comarca do mundo, a linha “A” do Subte de Buenos Aires ( onde muitos vagões originais ainda podem ser observados) , o primeiro elevador da cidade, além de testemunha de incidentes historicos fundamentais para a história deste país.
E é linda, com o outono ganhou tons alaranjados e um charme todo especial no despir-se das arvores. Agora, com o inverno é a charmosa casa de arvores monumentais que hibernam em uma das mais agitadas artérias da cidade. Parabéns, Avenida de Maio, muitos anos de vida para você!
Volver… con la frente marchita,
Las nieves del tiempo platearon mi sien…
Sentir… que es un soplo la vida,
Que veinte años no es nada,
Que febril la mirada, errante en las sombras,
Te busca y te nombra.
Vivir… con el alma aferrada
A un dulce recuerdo
Que lloro otra vez…
Diz o ditado que uma imagem fala mais que mil palavras. Uma semana depois do Bicentenário, que levou seis milhões de pessoas as ruas de Buenos Aires para celebrar os 200 anos da Revolução de Maio, os quatro dias de shows, apresentações e desfiles continuam sendo o assunto de jornais e revistas argentinos.
A televisão reprisa os shows sem cessar, os jornais tentam explicar a presença massiva do povo das ruas e os cronistas enchem suas colunas de explicações sociológicas sobre a presença da população nos festejos.
A verdade é que se fala muito sobre o abatimento argentino após a gravíssima crise econômica que atingiu o país em 2001 e continua, com intensidade posterior discutível, reverberando até os dias de hoje.
Longe da unanimidade e do consenso coletivo, os argentinos discutem seus problemas a portas abertas e poucos esperavam que a celebração tivesse um quorum tão intenso e muito menos que o evento não seria usado como palco para protesto.
Pelo contrário, argentinos, o povo mais politizado do planeta( humilde opinião desta bloggeira), capazes de fazer “piquetes” para discutir o sexo dos anjos, estiveram nas ruas embalados por um júbilo nacionalista contagiante, sem querelas, nenhuma grande contenda (a não ser a protagonizada pela governante mor contra o chefe do governo em Buenos Aires. Nada que um café na casa Rosada não resolva). Sem juízo de valores.
Como é impossível descrever o cheiro, a luz, o som, o clima e as sensações que presenciamos neste período simbólico da história da Argentina, por mais retórico que alguém seja, deixo aqui as fotos de Fernando Portabales que falam mais do que um milhão de palavras, dando cara ao Bicentenário.
“Viva La pátria, carajo!”. Assim o argentino Fito Paez começou o show de encerramento dos quatros largos dias de comemoração pelos duzentos anos da Revolução de Maio, que outorgou autonomia ao seu país. Três horas antes nos retorcíamos de emoção, com olhos marejados, pelos de todo corpo arrepiados, queixos caídos, palavras tragadas para dentro diante do espetáculo de proporções helênicas que cruzou a Avenida Diagonal vindo da Praça de Maio.
O grupo Fuerza Bruta usou uma série de alegorias para contar a história do Bicentenário Argentino. Houve chuva de papel, espuma, penas, água, palha em um espetáculo que deixou extasiada a gente, asfixiado de emoção o público que, não cabendo nas calçadas trepava em prédios, árvores, postes, bancas de revistas e andaimes. Para se ter uma idéia, dois milhões de pessoas assistiram ao desfile, segundo li, mais assistência do que o enterro de Evita.
Dos tradicionais taxis portenhos saltavam casais de bailarinos de tango movidos pela doçura dos acordeons que tocavam o emblemático clássico nacional “Volver”, numa cena tão delicada que fez latejar o coração da gente. No barco, que trouxe os imigrantes, acrobatas se penduravam num balé incrível tricotado nas alturas, enquanto a constituição argentina pegava fogo pendurada em um andaime.
Com carro que trouxe as madres de mayo, mulheres cujos filhos desapareceram na história, veio também o frio causado pela chuva que caia eternamente nas mães destituídas dos seus.
Os soldados derrotados nas Malvinas arrastavam seus corpos fracassados pela rua numa marcha lúgubre e desiluda. Enquanto isso, em outra alegoria, xamãs verdadeiros abençoavam o público.
Os “piqueteros” de Perón lembravam uma época de aspirações comunistas distribuindo panfletos, entoando gritos de guerra e faixas de apoio ao general e sua mulher, Evita. Até a bancarrota argentina esteve representada por uma alegoria que trazia acrobatas envolvidos em um vendaval de dinheiro, ora rasgando notas,ora atirando as células ao povo.Noalto do carro, as cotações do dólar não paravam, uma óbvia referencia ao desvalorização da moeda.
Nesses quatro dias de festa, estivemos recorrendo as ruas da cidade com nossa curiosidade brasileira, absorvidos pela energia que nos consumia, pés ardendo de percorrer largas distancias, corações acelerados com o descobrir de novas coisas e apaixonados pela latinidade que a cidade nos despertava. Submergidos de carona no despertar de uma nova era de outro povo, e entusiastas da felicidade alheia, chegamos a desejar o mesmo bem a uma pátria que não é nossa.
Questionamos nossas diferenças apenas para chegar à conclusão que não existem muitas. E que o futebol não é retórica coerente para nosso isolamento. Concluímos que existem mais similaridades que distinções, mais amor que distorções. E que, como disse Eduardo Galeano, somos o povo que desde a infância da história nos acostumamos a perder e que isso é mais um motivo para nossa coesão. Nesse 25 de maio, vivendo aqui, me corrijo : não é happy birthday e sim parabéns Argentina!
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