Las primeras investigaciones revelaron que el antiguo Mirador que servía de dormitorio a Alejandra fue cerrado con llave desde dentro por la propia Alejandra. Luego (aunque, lógicamente, no se pueda precisar el lapso transcurrido) mató a su padre de cuatro balazos con una pistola calibre 32. Finalmente, echó nafta y prendió fuego. Esta tragedia, que sacudió a Buenos Aires por el relieve de esa vieja familia argentina, pudo parecer al comienzo la consecuencia de un repentino ataque de locura. Pero ahora un nuevo elemento de juicio ha alterado ese primitivo esquema. Un extraño “Informe sobre ciegos”, que Fernando Vidal terminó de escribir la noche misma de su muerte, fue descubierto en el departamento que, con nombre supuesto, ocupaba en Villa Devoto. Es, de acuerdo con nuestras referencias, el manuscrito de un paranoico. Pero no obstante se dice que de él es posible inferir ciertas interpretaciones que echan luz sobre el crimen y hacen ceder la hipótesis del acto de locura ante una hipótesis más tenebrosa. Si esa inferencia es correcta, también se explicaría por qué Alejandra no se suicidó con una de las dos balas que restaban en la pistola, optando por quemarse viva.
Quando cheguei a Buenos Aires para visitar, como mais uma dos milhares de brasileiros que apinham a Calle Florida, há quase dez anos atrás, e não vislumbrava nem de longe uma vida aqui, me lancei da missão de gastar todo o dia dinheiro destinado a souvenires em livros. E, numa das centenas de livrarias que compõem a Avenida Corrientes com suas bocas abertas para as calçadas, comprei meus primeiros livros argentinos. Eram então dois exemplares de um autor que ate então desconhecia. Um relato meio lúgubre com nome igualmente hermético e capa cinza chamado El Túnel e outro, também de nome mórbido, Sobre Heróis y Tumbas de Ernesto Sabato. O que li sobre Argentina ajudaria a compor meu imaginário de um pais que, tanto tempo atrás, jamais considerei chamar de casa. Foram Borges, Sabato, Cortazar, Alan Pauls, Tomaz Eloy Martinez e alguns outros que iam formando o caráter nacional em minha cabeça. Tantos outros que ainda ignoro me ajudarão a formar um imaginário para quem já vive este cotidiano.
E foi com beleza e horror que li, e confesso que já não me lembro senão de forma inconsciente, as novelas de Sabato. Lembro que aludiam a uma Buenos Aires subterrânea e trágica, como um descenso ao inferno pessoal e da cidade. Bem diferente da capital do meu coração cujas portas se abrem ao meu passo.
Um homem de bairro, que será velado em sua comunidade de Santos Lugares, com forte inclinação aos direitos humanos, Sabato morre em um momento particular do ano quando a cidade respira a literatura na qual fez oficio, com a Feira do Livro reunindo milhares de pessoas na Plaza Itália todos os dias, a cidade nomeada capital do livro e autores conhecidos e desconhecidos ocupando os quartos de hotéis da cidade. E dizia: Eu escrevo, porque senão estaria morto, para procurar o sentimento da existência.
Acabamos em Tango…
Buenos Comentários