Confesso que, embora não me falte vontade e saudade, não tenho posto muito empenho na busca pela Yoga perfeita em Buenos Aires. Fui seduzida pelo estilo de vida sedentário (ainda que a gente ande um montão nessa cidade), pelos prazeres da carne ( estou me referindo ao bife de chorizo mesmo), ao vinho, a Quilmes, as baladas, estilo de vida Rock and the City Buenos Aires. Enquanto que, no que depender de meu desenvolvimento espiritual, e a conta do karma, nascerei barata cascuda na próxima encarnação.
Mas, ando com tanta saudade da prática de Yoga, que pareço uma louca incomodando clientes e proprietários em restaurantes vegetarianos em busca de sugestões de estúdio de Yoga e meditações transcendentais. Aparentemente, meu corpo já se esqueceu do exercício, meus ombros caíram, a postura encurvou e a pança só cresce. Sem contar com a saudade que sinto daquele cheirinho de Nag Champa e patchuli que permeava minha vida de yoguin.
O problema é que Yoga é muito pessoal. Achar a prática ideal de yoga é como achar o psicanalista perfeito. Assim como na psicologia, que tem um montão de linhas; como Junguiano, Freudiano, Gestalt, a Yoga tem suas modalidades também. Tem Hatha Yoga, Swastia, Ashtanga, Kundalini, e uma infinidade de outras correntes que, para quem conhece fazem uma enorme diferença.
A modalidade ( se é que podemos chamar assim) que pratico há mais de três anos é a Hatha, o estilo mais tradicional. A Hatha se baseia na permanência nos “ásanas” ou posturas, com ênfase na respiração, durante certo período de tempo. Já a ashtanga, a titulo de ilustração, privilegia a repetição desses äsanas de maneira sincronizada e mais dinâmica que a Hatha, o que para mim, críticas a parte, parece ginástica. Mas, é tudo muito muito muito pessoal. Outro dia, para minha surpresa, vi até um anuncio de “hidroyoga” que era, no mínimo, bem interessante.
Chamem-me de conservadora, mas meu negócio é incenso, mantra e ásana. Nada mais, nada menos. Por
isso, quando por sugestão de amigos, coincidência, acaso, ou programação acabo, como hoje, em lugares como o restaurante Krishna na Plaza Armenia, algum fogo (sagrado) reacende em mim. Não se assuste com as cadeirinhas que parecem importadas da, casa dos sete anões, nem com a trilha sonora indiana com narrações do Baghavad Gita, muito menos quando te oferecerem fumaça de vela em oração nem mesmo quando um mocinho começar a entoar mantras ao seu lado com seu instrumento indiano, o Krishna é assim mesmo: boemia espiritual. Pessoalmente, me sinto em casa.
Mas, entendo quando comensais assustados se entreolham com preocupação. O negócio é relaxar, passar o chutney no chapati e aproveitar um dos melhores restaurantes vegetarianos da cidade. Está certo que, para morar em Buenos Aires, é preciso ser mais carnívoro do que um leão. Mas, nem só de choripan vive o homem e a cidade oferece excelentes opções para quem quer se abstiver de comer seus filés de brontossauro. O Krishna (Malabia 1833) é a experiência completa para um almoço ou jantar espiritual. A comida é de-li-ci-o-sa, leve e com precinhos transcendais também.
Outra grande opção, para um almoço rápido e justo, é o Tulasi (Marcelo T. de Alvear 628 ), a passos da Plaza San Martin. Esqueça as mesinhas baixas, almofadas, som de citra, o Tulasi é um austero botequinho dentro de uma galeria pra lá de comercial no meio do rebuliço que é o Retiro. Qualquer semelhança entre seu espaço físico, simples, mundano e sem grandes luxos, e sua saborosa comidinha é mera coincidência. O cardápio é incrivelmente barato, o atendimento uma gracinha ( aliás, vale um parêntesis aqui, atendimento amável em Buenos Aires faz de qualquer lugar um ponto turístico) e a comida incrível, dessas que fazem os olhinhos se revirarem um pouco com cada garfada. Você já se imaginou salivando por um tofú? Prepare-se. As sobremesas, super diets e orgânicas, são surpreendentes também. Tem o diabo de um doce feito de gergelim que lembra chocolate conseguindo superá-lo que é dos deuses. Alias, seu dono, um argentino muito simpático, morou anos na Índia e agora diz que vai fechar as portas no fim do ano para ir no morar no interior de São Paulo. Uma pena! O restaurante oferece ainda cursos de cozinha vegetariana. Confira aqui!
Por fim, se seu negócio, como eu, Barbie Yoga, é uma bela lojinha, não abrindo mão de umas boas compras nem em nome de seu karma, pode refestelar-se na livraria e loja Devas que tem uma pá de filiais espalhadas pela cidade. A franquia é recheada de livros, tarots, mats de yoga e uma série de essenciais e supérfluos para quem quer se antenar com uma energia superior. A missão da loja é pra lá de ambiciosa “ayudar a armonizar al ser humano con las energías que lo trajeron a la vida”, menos né! Mas, é mesmo uma excelente opção para aqueles que procuram boa literatura sobre Yoga e a parafernália necessária para começar a prática. Uma divertilandia yoguin. Veja AQUI!.
No mais, alguém tem uma Yoga bacana para me indicar? Estou seriamente necessitada de assessoramento espiritual!
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