Os “melhores” restaurantes de Buenos Aires

31 maio

Para mim esse negocio de “o melhor” nao existe. O melhor restaurante é a o Boteco da esquina, com aquela cozinheira gorda e feliz que se senta a sua mesa para conversar ainda com o pano de prato pendurado no ombro e se despede rápido porque as “panelas estao no fogo”, um dinossauro de garcom, mau-humorado e humano, genial e genioso, aquele que te serve aquele paozinho de cortesia e faz um comentário sarcastico. O melhor restaurante tem habitués soturnos e tao frequentes que aparecem para comer vezes mais que o gato da casa.

La Cabrera, é uma dica bacana.

O melhor restaurante está perto de casa, ou em uma cidade pequena que brinca de esconde esconde desviando-se das principais estradas que levam a capital, é abundante e nao está interessado em ganhar estrelinhas (Michelin) no caderno.

“O melhor restaurante é a o Boteco da esquina.”
Parrilla San Cayetano, meu restaurante de Barrio, para sair defumado, feliz e sem ter que pedir um emprestimo do FMI para pagar o jantar. Arenales 3100.

Mas, vira e mexe, algum jornalista aparece com seu dedo de deus para nomear “os melhores” em uma olimpiada gastronomica cujo jure é uma banda de um homem só. Deixo aqui a matéria do Globo, sobre os supostos melhores restaurantes de Buenos Aires. E como a questao aqui é opiniao, vou ter discordar da sugestao do Café des Arts que é caro, pretencioso e nao tem nada , digo nada demais a nao ser o fato de estar no belissimo Malba, que alias merecia uma proposta gastronomica mais interessante.

El Pobre Luis

Nao conheco todos os restaurantes da matéria porque, em alguns dele, voce precisa empenhar a mae por um bife, mas concordo com a sugestao do La Cabrera e El Pobre Luis.

Dicas sao dicas. Mas o melhor mesmo quando voce descobre algo que nao está no roteiro, sou favoravel a uma Buenos Aires off road. Faca a sua!

DEIXO AQUI A MATÉRIA DO GLOBO SOBRE “OS MELHORES” RESTAURANTES DE BAIRES.

 

O Último Elvis

29 maio

“Alguma vez você quis ser outra pessoa?”

Deus abençoe o novo cinema argentino. É uma dádiva não precisar ir ao cinema para assistir a ultima porcaria de Hollywood. Não, não senhores não é necessário imbecilizar-se por duas horas de entretenimento inofensivo. A indústria de cinema argentina está a todo vapor por filmaços imperdíveis que eu não posso deixar de recomendar e celebrar. E, dessa vez, sem Ricardo Darín.

Um senhor gordo que se crê Elvis Presley desenha o enredo das minhas duas ultimas horas de deleite cinematográfico. A aura decadente do Rei, a nostalgia e seu inexplicável carisma estão presentes no sensível thriller El ultimo Elvis, do diretor Armando Bo.

“El último Elvis se centra en un hombre () que vive en un olvidado barrio de Buenos Aires como si fuera la reencarnación de Elvis Presley. Ya a punto de llegar a la edad que Elvis tenía al morir, la decisión de seguir a su ídolo hasta el final y la lucha por evitar que la realidad se le venga encima, lo embarcarán en un viaje de locura y música.”

John Mclnerny, um Elvis impersonator na vida real, está a cargo do papel principal com uma atuação comovente no papel desse homem que décadas após sua morte continua exercendo enorme fascínio sobre as pessoas. Uma Argentina cinza, pobre e cheia de desilusões serve de pano de fundo para uma jornada pessoal e épica. A história do diretor do filme e Mclnerny é tão cativante quanto o thriller. Bo é neto do diretor de nome homônimo que fez fama dirigindo os filmes da antológica atriz argentina Isabeli (Coca) Sarli, a rainha do que seria a pornô chanchada dos hermanos.

 Mclnerny é descendente de irlandeses, de La Plata, e arquiteto e docente por profissão, mas há sete anos se dedicava também a ser o melhor cover de Elvis de toda America Latina.

Bo e Mcnerny, uma estória de filme também.

Bo conheceu o trabalho de Mclnerny por acaso, comprando um CD cover na famosa Calle Florida, o epicentro das bugigangas turísticas da Capital, pensou que daria um excelente coach para o ator que escolhesse para rodar o filme. Mas, depois de ver o carismático Mclnerny em ação mudou de ideia e decidiu designar o arquiteto de quarenta e sete anos para papel de Carlos Gutierrez, um operário de uma fabrica cinzenta, desses aprisionados em uma vida complicada e pobre encontra abrigo na fantasia para suportar a dura realidade de sua existência.

Lisa Marie e Elvis…

Operário pelo dia e Elvis pela noite, pai quando a ilusão de ser Elvis não se opõe, Carlos Gutierrez está convencido que o mundo melhor é Elvis. Destaque também para atuação da pequena Margarita López que tece com Mclnerny uma relação entre pai filha de finas nuances de admiração e decepção em igual proporção.

Vou confessar que sou mais deslumbrada pela fascinação que Elvis exerce sobre as pessoas que por Elvis em si. As teorias de que Elvis não morreu (alias que está na Argentina, vide), as milhares de pessoas que preferem ser ele a si mesmas, os Elvismaniacos que dariam uma mao para vê-lo. E nessa toada Mclnermy leva essa estória cheia de decepção, fracasso e gloria, decadente como o rei, com aquele ar de realeza, cassino, champagne e tragédia que para Argentina também veste bem.

Elvis is everywhere…everybody has Elvis…but the anti Elvis…

Fica a dica de um Love me Tender do cinema argentino que insiste que Elvis não morreu e deixo também meu impersonator favorito o The King, que faz de Elvis uma balada contemporânea. A little less conversation…

Mi casa, su casa…

21 maio

Quem sou eu para dar consultoria sobre onde hospedar-se em Buenos Aires. Eu nunca fiquei em um hotel aqui e fui a mais retirante das retirantes, sendo expulsa de apartamentos por baratas, mudando de casa como quem muda de roupa.

A Odisseia do teto, quem me conhece sabe, para mim temporariamente terminou num saudável apartamento ( acreditem normal é a palavra, elevador, piso flutuante, cozinha branquinha) beirando o Parque Las Heras, em Palermo.

 

Parte do meu cafofo. E só deus sabe a peleja até encontrar o “cafofo” perfeito. Mas consegui, temporariamente…

 

Não quero mais saber de pés direitos de oito metros ( desses que te fazem ligar para os bombeiros quando queima uma lâmpada), nem de varandas estilo Frances, maçanetas art noveau, escadarias de mármore carrara porque, sinceramente, prefiro estar quentinha no inverno, fresquinha no verão, longe das baratas geneticamente modificadas de Buenos Aires, dessas mesmas que os cientistas dizem que sobrevivem bombas atômicas.

Meu primeiro cafofo. A mini Maison Gaby era uma tchutchuca por dentro, pleno submundo por fora. Detalhe para o pé direito e a escada de bombeiro necessária em caso de uma lampada queimada.

Ultimamente, muitos dos meus amigos vêm hospedam-se em apartamentos ao invés de hotéis quando vem a cidade. Bem verdade que não estou em condições nenhuma de prestar consultoria turística no que se refere à hospedagem na cidade. Mas, assim como experiências ruins, porque isso é uma loteria, vejo também muita gente economizando e curtindo alugar um apartamento na cidade.

Existem várias maneiras de alugar um apartamento “temporário na cidade”. E deixo claro que listo uns links, mas de nenhuma maneira garanto a qualidade.

http://www.bytargentina.com/

http://www.4rentargentina.com

Arb

Para mim, e isso é pessoal, optaria sempre por apartamentos novos, nunca planta baja (no térreo), perguntaria pela idade do edifício, elevadores e tanto para o inverno quanto para o calor, sobre calefação, ar condicionado e ventilação. E obvio, informe-se sobre a localização. Já disse isso outras vezes, ficar na Calle Florida não é o centro da experiência portenha. Pessoalmente, prefiro bairros mais residenciais como Palermo e Colegiales. Mas, até aceito San Telmo por seu valor turístico.

A sala do apartamento do Soho, uma bela alternativa para escpada a Baires.

 

A boa noticia é que, recentemente, juntou-se a onda de boas hospedagens alternativas na cidade, um dos casais mais bacanas que eu conheço. A super uber bloggeira Gisele Teixeira e “su pareja” o extra simpático Argentino Eduardó Baró colocaram “pra jogo” seu aconchegante apto por Palermo Soho, uma das zonas mais bacanas da cidade.

O charmoso apartamento dos amigos Gisele Teixera e Eduardo Baró, a boa dica de hospedagem!

O apto é super delicia, tem um quarto, sala, esmero, capricho e tudo necessário para uma hospedagem confortável na cidade, sem frescuras. Para uma experiência completa, ainda é possível alugar os serviços da LOCAL FRIEND Gi, acredite impossível estar em melhor companhia. E, com muita sorte, conhecer um pouquinho e dividir uma xícara de café, desse casal brazuca-porteño que é um show de simpatia e um manancial inesgotável de belas dicas. Corra para não cair no overbooking. AQUI!

 

O último Tango em Baires

15 maio

No importa cuánto tango hay en tu vida, sino cuánta vida hay en tu tango.”

Depois de minhas primeiras aulas de tango logo quando cheguei aqui, ficou bem claro para mim que um chimpanzé desliza com mais leveza sobre a pista que eu. Incapaz de caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo sou uma dessas pessoas cuja coordenação monotora bate na trave num psicotécnico. Tenho certeza que meus pais colocaram mais ênfases em meu desenvolvimento intelectual que o motor. Aos seis anos eu lia o Manifesto Comunista em Quadrinhos e dava discursos ao proletariado imaginário, mas era incapaz de subir uma escada e falar ao mesmo tempo. Pobre de mamãe e papai me tornei aquela pessoa que quando passa derruba tudo e deixa um rastro de destruição a sua volta mas sem me transformar em cientista nuclear em troca.

Por isso, depois de apenas umas poucas classes dei adeus ao sonho de dançar tango. E , para ser sincera, deixei de dar bola para o gênero. Ei, se não posso dançar não é minha revolução, copia?

Um tango pode ser modernoso…

É um pouco meu momento What da fuck quando chegam as visitas ávidas por um tango a la Brodway com direito a brilhantina, meia arrastão e ingresso em dólares.Não vou,  não pago, te levo ao taxi na esquina, faço até a reserva. Mas, confesso não é a minha. Não é preconceito, alguém já viu algum carioca que curta dar uma de turista num show de mulatas passistas?

Para quem acha que é mole!

Eu sei que o tango vai muito além disso. E tenho amigos que sabem do que estou falando, entendem de tango. Vide minha grande amiga Gisele Teixeira e seu super blog, isso sim é uma especialista. E ainda bem que existem os especialistas. Não é meu caso. Adoro ver um casal de velhos amantes zigzaguear pela pista num clube de bairro. Algo dentro de mim treme com um velho Piazolla. Mas isso é tudo.

Um bom Piazolla…nao gostar é como desprezar uma noite de lua cheia…

Com respeito a velha alma Argentina você terá minha companhia em algumas poucas ocasiões. Nas quartas-feiras no CAFF, para beber até o sol raiar na Peña del Colorado (lembrem-me de fazer um post sobre este lugar), se eu não tiver que trabalhar no dia seguinte na Catedral do Tango, se eu estiver num espirito aventureiro no Lo de Roberto. Que ninguém me interprete mal, não há como não amar o tango. É como não gostar de ver um belo por do sol. Talvez Borges, mas ele era um esnobe.

Mas é possível que eu te siga fácil em um bom show de uma orquestra de tango eletrônico (como te seguiria para qualquer milonga underground). Eu sei que tem muita coisa boa que ficou enfadonha virando musica de novela, propaganda de perfume, mas eu adoro um somzinho diferente. E boa coisa para bloggeiros preguiçosos e ocupados como eu é quando os grandes amigos jornalistas decidem escrever algo sobre o assunto te poupando de toda a pesquisa. Foi o que aconteceu hoje com a ótima matéria da minha amiga Marina Mota, um belo inventário sobre o estilo.

Deixo Marina e seu decibéis tangueros publicada no Valor Economico AQUI!

Feira do Livro de Buenos Aires: Prazeres mundanos e intelectuais

24 abr

É sempre especial estar em Buenos Aires na época da Feria Del Libro. Tenho memórias antológicas de ocasiões especiais passadas a sombra de La Rural, na Plaza Itália, como o show do Caetano Veloso a dois anos atrás na abertura da Feira. Caetano lotou a Av. Sarmiento em um dos meus momentos mágicos de minha estádia por aqui e fazendo portenhos cantarem como nunca.

A Feira do Livro em Buenos Aires é definitivamente um dos eventos mais esperados do ano no meu calendário.

Domingo vivi mais um grande momento antológico durante minha primeira visita a feira. Eu e outras milhares de pessoas assistimos a palestra de uma das vozes mais lúcidas do século durante mais de uma hora e meia de puro, puro, puro deleite intelectual. Não vou negar que um dos meus momentos históricos favoritos dos últimos anos é a entrega do livro A veias Abertas da América Latina por parte do presidente Venezuelano Hugo Chávez ao yankee Barack Obama.

O rock star das esquerdas Eduardo Galeano é um dos meus escritores favoritos e pelo visto das massas portenhas também.

Ontem, milhares de pessoas aguentaram a primeira onda de frio outonal e filas kilometricas pela chance de ouvir por um par de horinhas as palavras de um homem que acredita, como eu e tantos outros eternamente indignados, que o mundo está de pernas pro ar.

Valeu cada minuto, mestre Galeano.

Difícil definir quem ouvir, o que comprar, quem ver , como o festival de cinema de Buenos Aires, o Bafici, você pode terminar assistindo a algo tão enfadonho como uma ida ao dentista, um filme iraniano que trocaria por duas horas de câncer, ou a palestra da sua vida, uma orgia literária de orgasmos múltiplos como a exposição de Eduardo Galeano domingo, que fez meu lado velha esquerda, militante de mesa de bar saltar de prazer marxista.

Dando uma breve olhada nos convidados internacionais, na minha agenda pessoal e intransferível, minhas recomendações ficam com a palestra do escritor mexicano Carlos Fuentes (01 de maio) e uma escritora que eu acho bacaninha, Sandra Cisneros (05 de Maio), Americana. Mas fora isso tem todo o zum zum zum da feira, as jornadas literárias, os cursos, firma de livros e o delicioso bel bar niente do turismo entre os stands, soltando o cartão de credito por uma boa causa.

Não vou negar que se antes tinha paciência para longas jornadas com nomes pedantes e minúcias literárias tipo Borges- Kafta, similitudes estéticas ( estória real)…hoje me entrego sem culpa aos prazeres consumistas de comprar um bom livrinho ilustrado com projeto gráfico impecável por 100 pesos ao invés de 5 exemples dos clássicos da literatura de bolso no monte a granel.

Carlos Fuentes, imperdivel.

Menos Checov e mais quadrinhos, minha verdade senhores é essa. O ultimo livro sobre Grafiti em Buenos Aires, a nova edição de um clássico beatnik Japonês, aquele livro de receitas Gregas…

Meu negócio com a feira agora é cavucar. Você irá me encontrar agachada entre as prateleiras estranhas como de literatura infanto juvenil tentando encontrar acocorada o ilustrador perfeito entre montanhas de entulho literário, ou barganhando por livros de autores desconhecidos e títulos estranhos.  Eu definitivamente já tenho os clássicos e, verdade seja dita, faz muito tempo que um escritor contemporâneo nao faz girar meu mundo. Durante meu breve tour domingo, ainda passando por espasmos intelectuais pós coito após a palestra do Galeano, encontrei umas perolas.

Durante meu breve tour domingo, ainda passando por espasmos intelectuais pós coito após a palestra do Galeano, encontrei umas perolas como o livro La Venganza Inmortal. Um layout de morrer...

Tenho que confessar sair de lá a feliz proprietária de um livro sobre Mandalas ( que veio com lápis de cor para colori-las) e um manifesto de ódio muito bem editado contra os ex namorados.

 

 

La Venganza Inmoral, tipo de prazer mundando que ando privelegiando sobre os prazeres intelectuais...

Quem nunca cantou “você pagou com traição a quem sempre te deu a mao” que atire a primeira pedra. O livro La Vengaza Inmortal é um típico exemplo do que busca “Gaby” na feira do livro. Estou sempre atenta atrás de uma esquisitice para me resgatar do mundo das anêmonas e Best Sellers. O projeto gráfico tchutchuca, ilustrações geniais e uma compilação de frases venosas que internautas deixaram na pagina (que acho está fora do ar) WWW.dejaleunmensajeatuex.com fazem da primeira compra na feira este ano um achado.

Sinto sua falta, mas meu cartão de crédito não.”

“Me devolve o cachorro, quem o pagou fui eu.”

“Durmo em uma penthouse no 11 andar com vista para rio. E você como anda?”

“Você sempre me dizia que eu merecia algo melhor. Voce tinha razão.”

Tudo isso em letras garrafais, ilustrações de morrer por meros 30 pesitos.

Com isso termino com minha mensagem e um conselho: vagabundear pela Feira do Livro em Buenos Aires, comprar um monte de besteira, assistir a escritores que já estão dobrando o cabo da boa esperança e aproveitar o clima café literário que invade a cidade esta época do ano.

 

Fechas y horarios

 19 de abril al 7 de mayo de 2012

 La Feria está abierta para todo público hasta el lunes 7 de mayo, feriados inclusive, y en los siguientes horarios:

 ◦Domingos a jueves, de 14:00 a 22:00

◦Viernes y sábados, de 14:00 a 23:00

◦Domingo 29 de abril, de 14:00 a 01:00, horario extendido

 por celebrarse La Noche de la Ciudad en la Feria del Libro

◦Lunes 30 de abril, de 14:00 a 23:00

◦Lunes a jueves: $20.

◦Viernes, sábados, domingos y feriados: $26

Criolar em Buenos Aires

24 mar

Viver fora do país não necessariamente implica em estar fora da cena musical de seu país. E uma coisa legal de Buenos Aires é que está na rota internacional de artistas muito bacanas Brasileiros. Aqui vi shows que talvez não pudesse pagar no Brasil de graça e outros a preços super acessíveis.

 

Embora o conhecimento musical de muitos argentinos de música brasileira ainda se resuma a balbuciar “Ay si te pégo” ou qualquer outro hit do verão em Camboriú, de uma maneira geral, o brasileiro pode se surpreender com a atenção que los hermanos dão a música do nosso país, a boa música de nosso país.

Em Buenos Aires já tive a oportunidade de assistir shows de pesos pesados como Gilberto Gil e Caetano Veloso de graça. Outros incríveis como Lucas Santanna e Tulipa Ruiz e, este domingo, será a vez do Criolo.

 

Tive a sorte de entrevistá-lo para o jornal e deixo aqui a matéria escrita em inglês para que meus leitores Brasileiros também desfrutem.  Para quem está em Buenos Aires fica a dica. Amanha, dia 25 de marco,  da boate NIceto Vega (Niceto Vega 5510) a partir das 20h30, 50 pesitos só!

PARA LER A MATÉRIA COMPLETA CLIQUE AQUI!

Boemia Peronista

8 mar

"Sabemos perfeitamente que o peronismo nao se proclama e nem se aprende. O peronismo se sente e se comprende".

O jornal La Nacion publicou uma matéria ótima hoje sobre os bares Peronistas de Buenos Aires. Nao deixam de ser bares temáticos. Mas, sinceramente, os que visitei eu gostei. Acho super válido para quem vem a cidade e quer entrar na vibe Evita-Perón. Até porque até para os Argentinos a proposta nao deixa de ser interessante. Eu já tentei abordar o tema peronismo aqui no blog em algumas instancias (sempre cheia de dedos!!!). Perón n Bossa , Perón y Eva  , Viva PerónA intensa vida de Evita depois de morta , etc!

Mas legal mesmo é curtir um poco de historia, tomar um café com Evita, bater um papo com Perón. Eu adicionaria á nota o belo patio do Museu da Evita que nos dias de sol é uma bencao!

Deixo aqui a nota do La Nacion, com mapinha e tudo!

Imperdivel!

Medianeras, this is a promise with a catch

7 mar

"Venha me buscar" (foto de Grafitimundo)

Medianera: f. Pared común a dos casas u otras construcciones contiguas

“Buenos Aires llama muchísimo la atención en el exterior. En Europa me pidieron como condición que nombre Buenos Aires en el subtítulo. A pesar de mostrar sus desaciertos, la gente me dice que la ciudad les genera mucha curiosidad. Las medianeras son una particularidad de acá. En ningún lugar tienen una única palabra que defina las medianeras. No existen. ” (Gustavo Torreto, diretor de Medianeras)

 

Recorte de uma foto que eu tirei de uma poesia de uma calcada portenha.

Certas coisas na vida vem na hora certa e por merecimento. Pois, para alguns momentos legais na vida, eh preciso esperar.

Eu fiz várias tentativas até conseguir assistir o filme Medianeras. Tentei sair correndo do trabalho e desisti na fila do cinema, ir a uma sessao no Rosedal só para descobrir que a coisa na acomodava gente a pé como eu, só carros.Percorri algumas vezes a Av. Santa Fé atrás de um pirata, apenas para conseguir minha cópia em um boteco, em pleno Carnaval, no Brasil!

Nao existe nada mais portenho que a solidao. Nao importa com quantas pessoas voce viva, quantos amigos tenha, namorado, cachorro, filhos, papagaio, na cidade voce é sozinho. Nas longas horas de onibus, nas pausas entre os compromissos, na sua escapada para pagar as contas, em seu café languido no meio da tarde, voce é sua melhor companhia. De certa forma, de uma maneira burocratica, a solidao é um fator coletivo, o denominador comum de toda gente.

A cidade é voce, aqueles impagaveis momentos em que voce está só com seus próprios pensamentos aproveitando a brisa da janela do onibus, esticando a cabeca para ver as janelas em estilo frances nos andares mais altos dos edificios em uma capital que pode ser simétrica e assimetrica tanto em sua arquitetura como relacionamentos. Uma arquitetura que muitas vezes se parece muito a gente que ela vem acomodar.

Edificio Kavanagh, no bairro do Retiro, assista o filme e entenda como ele veio parar nesta nota...

Venho de uma cidade onde andar sozinho em qualquer lugar é quase uma especie de lepra. E foi um alivio descobrir, que só em Brasilia e no Iran, é necessario um acompanhante para por os pes pra fora de casa. Aqui, ao contrario, é mais facil ver as mesas ocupadas por uma só pessoa que grandes grupos confraternizando. E nao há liberdade maior que a solidao bem quista, que solitude bem curtida. É mais facil ir e vir solo que armar um entourage para o cotidiano. É mais simples comer só, andar só, correr só. E, em Buenos Aires, os habitantes já se conformaram com isso. Vivemos dos torpedos, de olho na temperatura, no transporte publico, cartao SUBE e Guia T em punho, onde ir e vir nao sao um direito e sim uma necessidade.

Mas a cidade vai além da solidao arquitetonica. Buenos Aires abriga encontros e desencontros, a selva de pedra, as delicias e os infernos de uma metropole de 15 milhoes de pessoas. Apartamentos acocorados sobre as avenidas, habitantes de caixas de sapato”, o s monoambientes (kitchnetes) da capital, a busca do amor que se parece ao “Onde está Wally?” da literatura viral dos 90. Minha cidade natal nao tem esquinas e aqui parece nao haver nada além delas.

Medianeras é um flime e mais uma delicia portenha. Um flick sensivel sobre uma cidade que pode ser doce e brutal na mesma medida, a gloria e a perdicao em igual gradacao. Mamao com a azucar é verdade, sublime como as vezes Buenos Aires pode ser com seus momentos mágicos. E possui ainda alguns momentos celestes como quando os personagens principais cantam uma das minhas musicas favoritas.“ True love will find you in the end” é uma das baladas mais expressivas do geek norte Americano Daniel Jonhston. Com sérios disturbios mentais, (Johnston é uma especie de Bob Dylan bipolar) o cinquentao vive nos fundos da casa de seus pais no Texas e se tornou o queridinho de estrelas do rock como o vocalista da banda Peral Jam Eddie Vedder  e o cantor Beck depois do documentario The Devil and Daniel Johnston sobre sua peculiar vida. O filme ganhou as telas do cinema e vários premios no festival de cinema independente Sundance. E Daniel Johnston um pouco do reconhecimento que ele merece.

A letra é qualquer bossa e seu encaixe no filme qualquer finura. Deixo aqui a dica do filme e da musica. Como diz a letra, this is a promise with a catch…

 

 

Malvinas: a Dama de Ferro, Príncipe William e toda a fumaça

1 fev

Nos últimos tempos, vimos por aqui reacendidas as tensões entre Argentina e Inglaterra com relação as ilhas Malvinas. Para quem não conhece um pouco de historia Argentina ( e isso não é um julgamento), as ilhas Malvinas são um arquipélago bem ao sul do pais que há séculos anos sofrem ocupação inglesa. Os kelpers, moradores das ilhas, se consideram ingleses. Os ingleses dizem que quem decide sao os kelpers (direito a auto determinação dos povos), a Argentina os chama de colonialistas e o circo está armado há mais de 150 anos.

“Extra , Extra! Estamos em guerra”

O que quer a Argentina com uma ilha perdida em uma região inóspita do planeta. Um lugar de temperaturas extremas cujos habitantes deveriam resumir-se a pingüins resistentes ao frio. A perda das ilhas é mais que uma ferida no orgulho nacional, é uma amputação territorial que resvala na soberania nacional para Argentinos. E o que querem os Britânicos? Sob um argumento de autodeterminação dos povos, estão poços de petróleo, posição estratégica, etc. O povo da Índia, que por muitos anos foi sucessivamente saqueado pelos ingleses, nunca teve direito a auto determinar nada. Dois pesos duas medidas, Inglaterra.

E os argentinos chegaram a acreditar que os ingleses nao viriam...

A verdade é que as grandes vitimas são os moradores da ilha ( vale a pena conferir o jornalzinho local PENGUIN NEWS!!!!!). Que ficam no meio do fogo cruzado, vivendo na parte da ilha que não tem minas (sim porque se Argentina minou, os Britânicos nunca quiseram pagar a conta caríssima para a retirada), ilhados onde nem as focas querem viver.


Em 1983, uma ditadura agonizante usou como medida para ganhar popularidade a invasão das ilhas. A Guerra das Malvinas causou mais 600 mortos argentinos, acirrou a disputa e deixou uma fratura na alma dos Argentinos. A boa é que a ditadura caiu. Veteranos reclamam até hoje o reconhecimento do Estado. A história completa tem requintes dramáticos, relatos trágicos, sangue, suor e lágrimas. Existe muito material para entender o pouco mais o estado de espírito argentino em relação a Guerra das Malvinas que este ano cumpre 30 anos. Um jeito bacana de ler algo é o belíssimo Fantasmas das Malvinas e assistindo o ficcional Iluminados por el Fuego.


No youtube abundam documentários, imagens e filmes bacanas sobre o tema. Hoje, argentinos tem mais uma razão cinematográfica para ficarem sentidos: estréia no país o filme Dama de Ferro, uma biografia de Margarete Thatcher que traz o momento em que a chefe de estado Britânica decide invadir Malvinas, ou Falklands, como eles chamam.

Mau momento, com o príncipe William desembarcando nas ilhas hoje, poços de petróleo sendo destapados por ingleses todos os dias praticamente, navios de guerra britânicos novos chegando ao arquipélago, diplomatas trocando gentilezas dos dois lados, nas ultimas semanas os Argentinos viram uma escalada de tensões que teve seu cume estes dias. Os jornais de hoje pareciam aquele “ Extra , Extra! Estamos em guerra” das décadas passadas. Improvável, mas tem muita fumaça!

Todos ao Barrio Chino!

22 jan

Meio em cima da hora. Mas aqui vai a dica: se você está hoje em Buenos Aires, o lugar para estar é o Bairro Chinês onde se comemora o ano novo hoje. Passei ontem para uma previa e estava lindinho, lâmpadas chinesas até na estação de trem,  comidinhas, barraquinhas de coisinhas, fofas, apresentações e o famoso dragão chinês desfilando. Dizem que a idéia é tocar o dragão apara dar sorte.

Ano novo chino em Belgrano, cheio de comidinhas.

Sorte para tocar-lo, pois a multidão que se instala no Bairro também está tentando fazer o mesmo. E o Barrio Chino é um dos meus lugares preferidos em Buenos Aires. Confira o que eu escrevi sobre este cantinho especial da cidade AQUI! Hoje, fica lotado. A boa noticia é que a festa se espalha por Barrancas de Belgrano, desafogando um pouco as estreitas ruas de Juramento, Arribenos e Montaneses. Em Barrancas ontem, a Glorieta esta lotada de tangueros movendo-se ao som do ritmo.

 

Barrancas de Belgrano lotada, uma previa para hoje.

 

As linhas de ônibus 15, 29 e 64 te deixam na porta da festa. Outra opção é o trem que sai de Retiro. Para quem pode pagar o taxi, a opção é pedir para descer em Arribenos e Juramento, ou mesmo em Barrancas de Belgrano. A linha D do metro te deixa a algumas quadras na estação de Juramento, é só descer em direção a Barrancas.

Estacao de trem de Belgrano C, enfeitada para a festa.

Para conferir a programação completa clique AQUI!Atenção se espera chuvas para a capital hoje.

A organização avisou ontem que a festa não se cancela por chuviscos, mas no caso de um dilúvio os chineses radicados na capital terão que suspender a festa.

Barraquinhas, bombando!

Deixo aqui uma previa de como estará o Bairro hoje, fotos de sábado.

Programacao intensa no Bairro Chino.